E sobre o RPG na sala de aula
Segundo Rafael Rocha, a implantação do projeto deve melhorar consideravelmente a educação na cidade. “A aula seria algo que os estudantes teriam que participar ativamente ou não se sairiam bem no jogo. E o conteúdo seria mais facilmente absorvido. Quanto mais o aluno souber, for articulado e criativo, melhor vai se sair”, disse o professor, que é mestrando em educação.
Embora seja nova na cidade, a iniciativa já é comum em outros locais do país – como São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Viçosa e Uberaba – e conta, inclusive, com o apoio do Ministério da Educação (MEC).
Na prática, funciona da seguinte forma: sentados em círculo na sala de aula ou em volta de uma mesa cada aluno se transformação em um jogador. Eles imaginam e relatam a ação de seus personagens a partir das situações expostas pelo professor, que atua como mestre. A cada solução, o mestre propõe uma nova situação. Os participantes, então, imaginam outras ações e vão desenvolvendo a aventura. Com isso, neste jogo de contar história, o desenvolvimento da narrativa depende da imaginação dos participantes. E não há disputa. Todos ganham e se divertem com a criação de um enredo coletivo.
UFU
O projeto do pedagogo Rafael Rocha, que propõe a aplicação do RPG na educação em Uberlândia, tem o apoio do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Cidade, História e Trabalho (Nupehcit) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A implantação do “Narrativas da Imaginação” começa em agosto e tem previsão para terminar no fim do ano.
“O RPG é funcional. Ele possibilita vivenciar qualquer conteúdo, como História, Física, Matemática, Inglês. Para o aluno, deixa de ser aula e passar a ser jogo, brincadeira”, disse Rocha.
Para o professor Sérgio Paulo Morais, coordenador do Nupehcit, a perspectiva do projeto é interdisciplinar, por isso é algo que pode melhorar o campo do ensino e facilitar a aprendizagem. “Mesmo sendo algo que não existe em Uberlândia, em outros locais já é consolidado. Por isso percebemos que funciona e já existe experiência acumulada”, disse.
Proposta também combina mudança da imagem ruim do jogo
A tentativa de implementar o “Role-playing game” – RPG – na educação em Uberlândia não é recente. Desde 2005, o autor do projeto “Narrativas da Imaginação”, o pedagogo Rafael Rocha, busca inserir o método no meio acadêmico com o apoio das instituições públicas. “A proposta é tirar a imagem ruim que o RPG tem no senso comum, geralmente ligado a jogo de azar ou algo demoníaco. E não tem nada disso. Tanto que no jogo não existe contato entre as pessoas. Apenas a criatividade delas para o desenrolar da brincadeira”, afirmou Rafael.
Para o consultor de marketing Orlando Ferreira, que há 15 anos joga RPG, não procede a suposta violência imputada ao jogo e divulgada pela mídia. “A gente acaba sofrendo preconceito por algo que não tem nada a ver. O jogo não tem contato entre os participantes, o que é algo proibido. Se fosse algo que incitasse a violência, não poderíamos ir ao cinema ou ver televisão, por exemplo”, afirmou.
Segundo ele, a pessoa não pode jogar alcoolizada ou sob efeito de substâncias entorpecentes. “A gente tem muito cuidado quanto a isso”, disse.
O consultor informa fazer parte de um grupo de seis jogadores, alguns estão na turma há pelo menos dez anos. Segundo ele, em uma partida, a pessoa vivencia experiências que provavelmente não teria acesso em uma vida normal. “Com isso aprende a diferenciar o que é real ou não”, afirmou Ferreira.
Discussões à parte, os jogos de RPG vêm ganhando cada vez mais notoriedade. Prova disso é o programa “The Phone”, que tem o formato de um jogo de RPG, que a TV Band está exibindo desde abril, às terças-feiras, a partir das 23h15. No reality show, as pessoas são transformadas em personagens de games.
Psicanalista não aprova implantação
Embora já testada com eficácia em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, a implantação do RPG na educação não agrada a alguns profissionais. A psicanalista Benet Nader Scherner, que há 40 anos trabalha com crianças, jovens e adultos, é um exemplo desta celeuma.
Ela não aprova a implantação do método nas escolas. “Eu não estou de acordo por não conhecer profundamente. Em minha opinião é algo que está voltado à violência”, disse. Segundo ela, a educação precisa ser lúdica, envolver raciocínio, inteligência e fazer parte das experiências já vividas pelos alunos. “As nossas lembranças sempre estão ligadas à convivência emocional. Tudo é rememorado. E quando a escola resgata isso, fica muito mais fácil de aprender”, afirmou.
Principais termos do RPG
* Ambientação – Cenário onde se passa a aventura. É caracterizada por aspectos físicos e conceituais.
* Aventura – Uma história fechada com começo, meio e fim.
* Jogador – Cada participante de um jogo de RPG, menos o mestre, que tem outra função. O jogador representa um ou mais personagens.
* Mestre – O jogador que dirige a partida. Ele dá as informações sobre a Ambientação do jogo, o Sistema, introduz a Aventura, lança as situações e tem a palavra final sobre as ações.
* Narrador – Termo utilizado para o jogador que comanda a partida do sistema de RPG. A denominação é utilizada devido ao caráter mais narrativo e interpretativo do jogo, não se atendo apenas aos dados.
* RPG de Mesa – Formato mais conhecido de se jogar RPG. Os jogadores apenas descrevem por meio da fala o que seus personagens são e o que estão fazendo. O participante não precisa “fazer” o que seu personagem faz.
* Sistema – Conjunto de regras utilizadas no RPG. Geralmente está relacionado à Ambientação.
Disciplinas onde o RPG pode ser aplicado
História
Física
Inglês
Matemática
Português
Marketing
Áreas a serem aplicadas
Educação
Empresas
Cidades que já aplicam o RPG
São Paulo
Rio de Janeiro
Goiânia
Viçosa
Uberaba
Benefícios
Trabalho em equipe
Desenvolvimento interno
Maturação
Maior concentração do aluno
Mais interesse nas aulas
Busca por conhecimento
Itens necessários
Lápis
Papel
Borracha
Fonte: http://www.correiodeuberlandia.com.br/cidade-e-regiao/professor-quer-levar-rpg-para-sala-de-aula/